Waldir é uma figura fácil de se reconhecer. Vaidoso, barba sempre feita, camisa entreaberta, santa pendurada no pescoço, perfume exagerado. E sapatos vermelhos, que são para impressionar as mulheres… e os travestis. Diz que a dama traz amizade entre os homens. É casado, mas não dispensa um rabo de saia.
Tudo começou com um senhor que levava uma mesa para jogar dama por ali todos os dias. O problema é que ele ia embora quando queria e deixava todo mundo na vontade. Waldir então não teve dúvidas: deveria investir nisso.
Agora é ele que vai diariamente ao centro da cidade, busca as mesas e peças da brincadeira em um estacionamento próximo e começa a jogatina.
Ele é mais do que o chefe do jogo de dama do centro de Belo Horizonte. É o melhor jogador da praça, ninguém nega. 66 anos e 45 na função. O empreendimento de sucesso já esteve em vários pontos e a prefeitura já tentou proibí-lo diversas vezes. Nunca conseguiu, Waldir conhece muita gente na área. Gente grande, influente.
Pode chegar sem medo. Por um real, consegue-se uma hora entre as damas. Em tempo: é proibido beber, fumar e brigar. O único com algum vício por ali é o próprio Waldir, que frequenta religiosamente o mesmo buteco. Privilégios de chefe.